terça-feira, 30 de agosto de 2011

Medinho

Eu tenho medo de água. De rio, daquilo que não enxergo o fundo. Não de chuva, pelo contrário... adoro chuva. Lembra minhas férias. Não sei porque, mas lembra. Tenho medo de escuro. De andar aonde não posso enxergar. Mas é estranho como gosto de fechar os olhos. E sim, fica escuro. Mas fecho até mesmo pra abraçar. Parece que posso guardar no tempo. Por isso minhas maiores memórias não são de algo que vi. Mas sim de algo que também pude tocar. Sentir. Tenho medo do aperto. De um lugar fechado, ou aquele nó na garganta que espreme o coração. Tenho medo, mas peço. Quase sempre. Tenho medo do novo. De não me adaptar, de errar. Mas me jogo e com tanta facilidade que quando vi já foi. Alguns chamam de coragem. E olhando de fora, até que parece mesmo. Mas não passa de medo com uma dose de inconsequência. Tenho medo de ficar sozinha. De dormir sem ter mais ninguém na casa. De ficar dias sem ver alguém pra quem possa contar alguma coisa. Mas as vezes precisava tanto de um lugar só meu. De colocar pensamentos em ordem. A minha ordem. Eu tenho medo. Mas já tive mais. Tinha principalmente medo de falar dos medos. Não que o medo tenha passado, ou que eu lute pra que esse dia chegue. Não que seja preciso perdê-los. Não é nada extraordinário. Mas conviver com eles fica bem mais fácil quando os entendo.

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