quarta-feira, 25 de abril de 2012

trilhos

Viajava e olhava através do vidro. Era sua vida, um vagão de trem, sempre sentada, vendo as coisas passarem.   
Pessoas se sentavam ao seu lado, algumas por muito tempo, algumas desciam na próxima estação.
Chuva, sol.  Frio que pedia uma malha. O calor que abençoava com o sol. Imagens, crianças, corriam na grama, sorrisos brancos, largos. Choro, colo.
Cheiro, quanto perfume, jamais esqueceria. 
Sabores peculiares, alguns amargos. 
As pessoas caminhavam pelo corredor estreito, não queria se esbarrar, mas hora ou outra era inevitável. 
O ritmo acelerava quando a noite chegava. Dançava, exausta dormia, no ponto, em qualquer lugar.
E quando o sol nascia, estava tão longe. Não deixava pistas, não deixava rastros, deixava lembrança. Sentava de volta numa nova estação. Não pode parar. Se apega, mas deixa. Não se arrepende, sai antes de precisar se desculpar.
Não tem certeza de nada, mas pega o trem.  A paisagem é tão mais bonita pra quem quer admirar.
Perde, mas ganha tanto. 
Tem saudade de casa, até volta, mas visita.
Dos que passaram, por coincidência, alguns se encontram novamente.
Fica sentada, vendo a vida passar, esperando alguém que se sente ao eu lado para sempre.

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