quinta-feira, 19 de abril de 2012

Do contentamento ao descontente

Tem horas que dá aquela saudade do passado. De ser adolescente, de brigar com os pais, de tentar ser rebelde, de ter amigos divertidos e descolados. De ter horário pra chegar em casa. Essas coisas, que quando se tem não são bacanas, não são bem vistas por nós.
Tem horas que dá uma angústia, caminhar pela casa e não ser mais aquela em que eu cresci, correndo no quintal, sujando a garagem com a bola. Do cheirinho de comida no final da tarde. De identificar o barulho do carro do meu pai descendo a rua, e disputar com meu irmão quem iria abrir o portão.
Tem horas que dá arrependimento e uma sensação de estar fazendo tudo errado, querendo ser independente. Quis considerar até a hipótese de chamar novas pessoas de família. Que tolice a minha. Quem oferece um ombro e por trás faz-me mal, não merece nem ao menos ser chamado de colega.
Fica um aperto no peito e a lembrança de ouvir meus pais dizendo, mesmo que descontextualizado, que pessoas traiçoeiras estão por todos os cantos. Que deve-se desconfiar principalmente daqueles que querem mostrar,demais, boas intensões.
Aprendi que dói sentir raiva, dói mais ainda sentir ódio. Eu podia estar protegida, mas me lancei na vida e tem coisas que não tem como evitar. De amor a repúdio, pessoas caminham em meus dias, sem punição ou com carma tardio que insiste em demorar.
Pra ser amigo, requer tempo, ou o mínimo de semelhança. Pessoas não se moldam tanto, ainda mais depois de velhas. Crianças tem essa vantagem, nós adultos, não!
É em perceber sinais, ou vulgas intensões, que a proteção se dá. Pessoas que acham que podem mudar desde seu mais simples gostos musicais, até a sua forma de conversar, seja pra agradar ou mesmo pra parecer quem não é, não deveria inspirar confiança muito menos respeito.
Pessoas podem ser antipáticas, cheias de manias arrogantes, fúteis, vazias, mas o caráter ainda é a característica mais crucial para se definir um ser humano. Manter-se em dia com o íntimo caráter é dar a si a chance de poder olhar nos olhos do outro sem culpa.
Pessoas sem isso serão punidas. Hora ou outra. Pelo próprio destino. Ou por quem tiveram a audácia de trair. Pessoas assim sempre acham que passarão impunes, mas serão tomadas por muito sofrimento. Embora castigo nenhum seja suficiente àqueles fingem amizade e tentam tirar tudo do outro.

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