Ele me perguntou e eu disse, que estava bem. Mas nem estava, fingia teatralmente, tanto que as vezes eu mesma chegava a acreditar que estava. É claro que eu lembrava bem menos no fim, já havia passado a fase da melancolia, aquele drama sem tamanho, enfim, quase se findava aquela fase. Mas havia ainda tanta saudade. Ainda bem que sobre isso ele não perguntou. Eu também não responderia.Foi com ele que aprendi a mentir. Não que ele mentisse pra mim, aliás mentia, mas não foi por isso aprendi. Aprendi a mentir o que sentia. Antes eu era daquelas que não conseguia disfarçar as coisas. E também não fazia a menor questão. Quando sorria era alto, quando chorava, eram prantos. O ciúme era escancarado daqueles de dar raiva na vítima. Quando brigava era ringue. Xingava, lutava, sentia.
Mas com ele era diferente. Era tudo sucinto. E desde o íncio. Disfarçava aquele ciúme, não queria perdê-lo por agir com possessão. Nas brigas eu fingia terminar de bem, mesmo acabada como no fim de um longo dia. Não aguentaria não ter o sorriso no dia seguinte. E que sorriso, gostoso, sincero...
De mentir mil vezes tornou-se verdade. O ciúme deu espaço a coisas gostosas. Abraços apertados, beijos longos. As brigas nunca mais existiram, as vezes discutíamos mas no fim nos deparávamos com as semelhanças e tudo perdia o sentido.
Mas aí ele se foi, sem nem explicar direito. É claro que tem um porque. Eu é que não quero entender. Mas sempre que pergunta de mim, eu minto. E se te perguntar, fale que me viu bem.
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