domingo, 19 de junho de 2011

Veja bem

Ela fica ali sentada, num canto vazio, com papéis que não lê nunca, mas finge. E pra quem?
Diz coisas que as vezes fazem todo o sentido, mas as vezes deveria ser muda.
Tem ciúmes quando não deveria e das coisas mais variadas. Ciúmes das músicas que ouve.
Mas nunca nada exaltado.
Tem muitos planos, mirabolantes. Mas percebe perplexa que não irá executá-los. Não sabe se por preguiça, ou por pura incompetência.
Tem dias que sofre, acha que o mundo conspira contra. Tem dias que se acha.
Como pode ser dessa maneira, ninguém explica e força nenhuma no mundo seria capaz de deduzir suas feições.
Diz o porque das coisas com convicção e no fundo desacredita. É como se comesse, dissesse que gostou, mas não tivesse, de fato, gostado. E com isso tudo não tinha obrigação alguma de mentir. O fez sei lá, por educação, por medo. Resume as coisas como quem resume novelas e diz coisas más sem nenhum arrependimento. Muda de opinião como quem muda de roupa e isso com certeza se reflete em suas relações. E por que não dizer que esse é seu maior conflito. Conflito interno e externo. A maneira como se relaciona depende do dia da semana e nunca acontece de uma maneira padronizada. Até porque padrões não são de seu feitio. Não faz a menor questão de ser ou parecer diferente. Mas as vezes se irrita com tudo igual. Precisa de cores vivas, paixões intensa, misturas agridoces, sorrisos largos, ou de café com leite. Tudo depende. Tudo é relativo. Há dias que se cansa, quer mudar o mundo, manter-se em constante movimento, sentir-se viva, útil. E eu disse útil e não usada. A rotina lhe dói e sente que precisa partir, mas fica e nem sabe porque fica. E veja bem, puta que pariu, ela não precisa saber de nada, não agora, talvez nem nunca. Basta continuar ali, sentada, ela os papéis e mais nada.

Um comentário:

  1. Queria falar não mas, esse eu gostei BACARAI! realmente ficou bom meu bem!

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